A antropóloga Débora Diniz, autora do livro
“Laicidade e Ensino Religioso no Brasil”, fez
uma análise sobre o que chamou de
transformação de denominações
pentecostais e neopentecostais em
“religiões eletrônicas”, nessa análise ela
afirmou que a crescente presença dessas
denominações evangélicas nas TVs e
emissoras de rádio representa uma ameaça
às liberdades de credo e de expressão.
A antropóloga afirmou que, sendo um
serviço de concessão pública concedido
pelo Estado laico, o uso da TV deveria ser
mais democrático. Ela disse ainda que a
hegemonia nos meios eletrônicos da
pregação evangélica tem propagado ideias
conservadoras, fortalecendo a intolerância
religiosa.
Diniz argumentou que o que acontece na
prática é que alguns grupos de
comunicação estão ganhando muito
dinheiro com a venda de horários a igrejas
milionárias e outras organizações religiosas
chegam a ter seus próprios canais de TV. Ela
afirma que dessa forma o que acaba sendo
imposto é a pregação de um único credo,
em detrimento dos outros, colocando mais
ainda à margem religiões de matriz afro-
brasileira, como o candomblé e a umbanda.
“O público fica sem alternativa e sem acesso
à informação de qualidade e,
consequentemente, sem ferramentas para a
formação de opinião”, criticou a
antropóloga.
De acordo com a Folha.com, em meados de
2011 as igrejas ocupavam 140 horas
semanais na programação da TV aberta,
volume que aumentou devido à compra,
pela Igreja da Graça de Deus, liderada pelo
missionário R.R. Soares, do espaço no
horário nobre da Rede TV!. Negociação esta
que movimenta mais de R$ 6 milhões
mensalmente.
A antropóloga concluiu sua entrevista ao
portal iG afirmando que “existe um
favorecimento ao cristianismo, que oprime e
impede que as minorias religiosas e as
organizações não religiosas dedicadas à
difusão de uma cultura de tolerância
ocupem espaços e tenham voz”.